Pedro Ruivo
Seguramente um dos filmes mais esquecidos da década de 1990. Filmado com uma espectacular mise-en-scène apocalítica, conta a história de um país numa brutal crise económica e divido em zonas para evitar a contaminação advinda de um acidente nuclear. O filme segue um grupo de homens afastado da civilização que procura os mais básicos meios de sobrevivência. O encontro com um velho homem que trafica gasolina e a sua filha desperta tanto a cobiça como o amor, motivando a desavença entre eles. Um filme quente, com uma fotografia desértica, onde o amarelo tórrido e metálico da imagem é o símbolo de uma doença que afecta todos.
Gus Van Sant
Se Gerry é um filme centrado na trajectória de dois jovens perdidos no deserto, ao contrário de muitas das obras conotadas com este cenário, não remete para qualquer busca existencial. Matt Damon e Casey Affleck, que assumem o mesmo apelido – Gerry –, estão simplesmente perdidos, e avançam pela paisagem inóspita numa aventura sem esperança, que inaugura um interessante trabalho de Gus Van Sant sobre a duração. Descrito por Jean-Michel Frodon como um projecto conceptual, dado o peso do lugar filmado, trata-se sem dúvida de um trabalho que assume o deserto como protagonista.
H.C. Potter
Uma das obras-primas do burlesco non-sense de Hollywood. O seu ponto de partida é um popular espectáculo da Broadway que Chic Johnson e Ole Olsen, um par de comediantes da Broadway da época, transpõem para o cinema. O filme gira à volta dessa mesma transposição, pois é o próprio cinema o alvo da maioria dos gags, onde se encontram já referências a Citizen Kane e a personagens do filme “negro”.
Enzo G. Castellari
Um dos melhores westerns jamais feitos. No final da Guerra Civil Americana, um pistoleiro mestiço, cansado de fazer da morte um meio de vida, regressa à sua terra natal. O seu nome é Keoma (inesquecível interpretação de Franco Nero). Porém, a sua cidade foi totalmente arrasada pela peste e está sob o comando de um homem chamado Capitão Caldwell. Os seus meios-irmãos, Butch, Sam e Lenny, trabalham para o Capitão e Keoma vê-se sozinho no meio de uma batalha selvagem entre inocentes colonos, bandidos sádicos e os seus meios-irmãos.
Enzo G. Castellari
Nico Palmieri (Fabio Testi) é um inspector da polícia que combate um gangue criminoso que aterroriza uma pacata cidade italiana, extorquindo dinheiro aos comerciantes locais. Perante a ameaça de violência, ninguém se atreve a agir, a não ser o dono de um restaurante que é forçado por Palmieri a contar a verdade. Como resultado, a filha mais nova do dono é violada e a violência continua. Ao descobrir que o gangue está associado a traficantes de droga, Palmieri é proibido pelo seu superior hierárquico de continuar a investigar o caso, pelo que decide resolver o problema por conta própria. Palmieri recruta dois homens que se tornaram vítimas do gangue e parte em busca de uma vingança sangrenta.
Enzo G. Castellari
Fred Williamson e Bo Svenson protagonizam os líderes de um gangue de criminosos condenados que, durante a II Guerra Mundial, escapam de uma prisão do exército aliado com a intenção de chegar à fronteira suíça. Após vários incidentes, acabarão por se voluntariar numa missão suicida onde terão de se infiltrar em território nazi dentro da França ocupada. Quentin Tarantino considerou-o o seu filme de culto, realizando em 2009 um remake muito especial.
Enzo G. Castellari
Trash, o líder de um gangue do Bronx, forma uma aliança com o resto dos gangues inimigos para derrotar os esquadrões da morte de uma grande corporação que pretende exterminar toda a população do Bronx para transformá-la na megalópole do futuro. Sequela de Bronx Warriors, é uma das últimas obras-primas do cinema de acção de Castellari.
.
Pablo García Canga
Este filme conta a história de duas noites. Uma noite que não se vê em imagens, existindo apenas nas palavras de The Clock, de Minnelli. A outra noite é vista em imagens - das quais quase nada sabemos - de uma mulher que fala sobre o filme. Portanto, na verdade, são dois filmes, duas histórias que se encontram ao mesmo tempo, aproximando-se e afastando-se, fundindo-se com aquilo que têm em comum: o desejo, a noite e a cidade.
Pablo García Canga
Uma mulher grava uma mensagem para alguém com quem parece ter partilhado um passado afectivo. Uma história envolvente e hipnótica, contada por Bruna Cusí com uma autenticidade desarmante. Um dos filmes mais comoventes de Pablo García Canga.
Pablo García Canga
Uma noite. Uma cidade: Madrid. Cinco conversas. Nove personagens.
Contam histórias pessoais, histórias inventadas e também contam uma história antiga
que vai de conversa em conversa. É a história de um velho filme japonês. A história de um padeiro poeta e de uma rapariga que trabalha numa mercearia...
Mikio Naruse
Ryosuke e Masako, juntamente com as suas duas filhas, formam uma família humilde. O seu sustento é uma pequena lavandaria que foi danificada durante a guerra. Trabalhando dia e noite conseguem sobreviver, mas Ryosuke fica gravemente doente e todo o peso do negócio e da casa recai sobre Masako. Quando o pai finalmente morre, a família tem de repensar as suas vidas para tentar sobreviver. A filha mais velha, Toshiko, vai trabalhar, deixando os seus sonhos e o seu estilo de vida; Hishako, a filha mais nova, vai para casa de familiares e abandona a sua casa com grande tristeza. Mas é a figura da mãe, encarnada em Masako, que representa verdadeiramente o símbolo da abnegação e do sacrifício, o reflexo das dificuldades da vida quotidiana no Japão do pós-guerra.
Alejandro Pereyra
Há uma Sombra é uma interpolação entre o cinema, a fotografia e o teatro intimista. MoIie está na casa dos trinta e sente-se prisioneira da sua própria sombra. A um passado em que parece ter sido demasiado livre, ela consegue aceder por via da música. Mas como é que essas lembranças moldam aqui, agora, o material com que anseia construir o seu futuro? Fatalmente, enquanto procura explicações circunstanciais para a mediocridade profissional e soluções alternativas para os problemas físicos, perde-se no labirinto e na complexidade das questões emocionais. Falha ao considerar o amor romântico como pedra de toque para a felicidade, e falha quando desiste de aceder às necessidades reais da própria filha.